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Lula homenageia Marighella às vésperas dos 110 anos do militante

Exibição do premiado filme de Wagner Moura no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC foi a deixa para Lula falar sobre a importância de heróis nacionais



Dois dias antes do aniversário de 110 anos de nascimento de Carlos Marighella, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC fez uma apresentação especial do filme para seus filiados, imprensa e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além de autoridades sindicais e políticas, o evento contou com a presença de atores do filme, que presentearam Lula com um cartaz autografado do filme, e familiares do militante morto pela ditadura civil-militar iniciada em 1964.



Depois dos discursos de sindicalistas e políticos, foi a vez de ouvir os participantes do filme. Maria Marighella, atriz e neta do militante, falou diretamente a Lula: “Presidente, a memória, direito e a cultura de um povo refundam sonhos. E hoje, o que a gente está fazendo aqui, é chamando a história, a memória, e refundando em cada terreiro desse Brasil, os nossos sonhos e a nossa utopia. Wagner (Moura, diretor do filme) tem dito em muitos lugares que o filme está se reencontrando novamente no Brasil com o povo a quem Marighella amou. E Wagner disse: é um filme feito para o Brasil. Esse filme tem encontrado a terreira, o terreiro, a arena, o assentamento, uma mística de luta pela terra. Ontem esteve no encontro da Coalisão Negra por Direitos, em Pernambuco. Tem estado em tribos indígenas nesse Brasil. Tem estado nas periferias e nas juventudes. Tem estado em todo canto da luta por direitos, por justiça. E esse filme representa a voz da indignação coletiva do nosso povo e da nossa gente”.


Carlinhos Marighella, filho do militante retratado no filme, abraça Lula enquanto sua neta e atriz, Maria Marighella, aplaude


Maria continua: “Marighella está nos fazendo reencontrarmos, não dentro de uma suposta bolha, mas está explodindo bolhas e promovendo encontros pelo futuro, pelo amanhã, pela utopia que está vigente. Marighella lutou por democracia, por direitos. Colocou o dedo na ferida da violência que é o extrativismo, a exploração da terra, a ausência de direitos do povo negro, do direito das mulheres. Marighella falou das juventudes:


‘As novas gerações, a despeito dos que pretendem distorcer-lhes o caminho, são uma geração política, marcha para a frente confiante em seu destino, determinada a alcançar a liberdade e o progresso’.

“Marighella é essa voz que pulsa num mundo e num processo de violência, brutalidades e arbitrariedades. Mas Marighella não é só denúncia. Marighella, nessa mística confluência coletiva, é também anúncio. E o que nós estamos fazendo em toda parte com esse filme é nesse conjunto, nessa coletividade, anunciar o novo tempo em que seremos livres, em que seremos irmãos. O tempo da liberdade, em que teremos Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil. Nós devolveremos a democracia, a linguagem política e tabuleiro da política que nos foi tirado no Golpe de 2016. Mas chamando e chamemos todas as sementes: juventude, mulheres, negros e negras, indígenas, a luta pela terra, a luta da águas, a luta dos rios, a luta dos animais, luta das pessoas LGBTQIA+, sementes de esperança, justiça, democracia, utopia. Amanhã Marighella vive. Viva a Democracia! Viva a Liberdade no Brasil!”.


Mas um dos discursos mais importantes do evento foi o realizado pelo pastor da Igreja Batista do Caminho e ator Henrique Vieira, que depois, na fala de Lula, foi citado e lembrado por causa do encontro virtual do ex-presidente com mais de mil lideranças evangélicas realizado em 27 de novembro (veja em https://pt.org.br/aos-evangelicos-lula-lembra-que-governou-para-todos/). Segundo Vieira, os evangélicos serão parte importante no ano que vem da derrota do fascismo. “Não vamos generalizar, não vamos descartar, vamos dialogar com o povo que luta para sobreviver e vamos afirmar um pacto pela democracia e pela justiça social”, disse. “Se vocês me permitem, queria falar uma coisa com toda a seriedade: Bolsonaro mataria Jesus hoje! O bolsonarismo se alimenta do ódio, Jesus viveu por amor. O bolsonarismo se alimenta da vingança, Jesus ensinou o perdão. O bolsonarismo se alimenta da intolerância, Jesus viveu por compaixão. O bolsonarismo faz o jogo dos ricos, Jesus andou com o povão, com os pobres, os marginais e os periféricos. O bolsonarismo exalta torturadores. Jesus foi preso, torturado e executado pelo Estado em nome de uma ordem violenta”.


Antes de terminar, o pastor e ator lembrou que o fim do Evangelho não é a crucificação, a morte, mas a ressurreição de Jesus. “A ressurreição é uma desobediência, a ressurreição é uma rebeldia, a ressurreição é lidar com a cruz como quem caminha para a vida. A ressurreição é saber driblar execução, prisão arbitrária e injusta, exploração e dizer: nós estamos vivos! Nós não aceitamos a morte com a palavra final. Por isso nós nos organizamos nos terreiros, nas igrejas, nas praças, nas encruzilhadas, no campo, nas cidades, no sindicato, nas universidades. Nós estamos juntos, com humildade, com amor, com democracia, com esperança. Nós somos a ressurreição da democracia e da justiça social nesse país. Nós vamos, ano que vem, derrotar Bolsonaro, derrotar o fundamentalismo religioso, derrotar a violência de Estado! O final do Evangelho não é a cruz. Cabeça erguida, peito aberto. Vamos juntos refundar um país justo, solidário e fraterno. É por Zumbi, é por Dandara, é por Marighella, é por Marielle. É por nós. Vamos fazer a ressurreição”.


Mas e o Lula? Bem, o Lula é bom ouvir diretamente! Não à toa, seu papo com Mano Brown no Mano a Mano foi o podcast mais escutado do ano passado, segundo o Spotify e o debate com a juventude no PodPah , de quinta-feira 2 de dezembro, teve mais de 300 mil pessoas assistindo ao vivo e mais de 7 milhões de visualizações nos três dias seguintes. Lula fala direto pro povo e pro público. Mesmo rouco e poupando a voz para um documentário que terá filmagens na próxima semana, Lula pega no ar as falas sobre os evangélicos e sobre a luta de Marighella para construir seu discurso de cerca de 20 minutos antes da exibição do filme.



No dia em que o Senado vergonhosamente aprovou o nome “terrivelmente evangélico” para o STF, Lula reafirmou a importância do Estado laico e a impossibilidade do fascista ser um cristão de verdade. Sobre o militante retratado no filme que passaria na sequência, Lula lembrou a falta de heróis nacionais e a hipocrisia da elite civil-militar que matou Tiradentes e 97 anos depois o transformou em herói. Lembrou outros negros que tombaram na Luta por direitos no Brasil, como João Cândido, o Almirante Negro, sobre quem a Marinha tentou dissuadi-lo de colocar uma estátua na Praça XV, no Rio de Janeiro. E falou na importância da história não ser apagada e dos símbolos de luta a quem devemos, sempre, relembrar. Mas, como eu disse, é melhor você mesmo ouvir:


Veja abaixo o registro completo das falas transmitido pelo canal oficial de Lula no Twitter, com imagens da TVT:



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