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Choque ataca ato que já estava no fim e descarrega munição sobre a população


Na manhã dessa sexta, 31 de março, acompanhando atos em todo o Brasil, manifestantes da antiga Ocupação do Glória, em Uberlândia, decidiram fechar por meia hora a BR 050, rodovia que beira a comunidade. Quando chegaram ao asfalto uma viatura da Polícia Rodoviária Federal já estava no local com três policiais que tentaram, sem sucesso, impedir a montagem da barricada. Em nenhum momento eles foram intimidados, tanto física como verbalmente, mas com certeza alertaram a PM MG, tanto que em menos de 15 minutos duas viaturas e algumas motocicletas apareceram. Um oficial chegou perguntando quem era o responsável pelo ato que ele disse ter uma causa legítima, mas não a “forma” como estava sendo realizado. Foi informado dos motivos e que não levaria muito tempo para ser encerrado. Ele não respondeu nada e chamou a Tropa de Choque, cujo comandante já chegou exigindo a liberação imediata da via, sem qualquer chance de argumentação, mesmo alertado que não duraria mais do que 10 minutos. Quando a tropa avançou com bombas de efeito moral e balas de borracha sobre os manifestantes, alguns com crianças de colo, a população rapidamente deixou a via e voltou a suas casas sem qualquer reação mais forte. O Choque, no entanto, mesmo com a rodovia liberada, continuou por mais de 15 minutos no acostamento da estrada atirando a esmo, com escopetas 12mm, balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo sobre as casas da comunidade a mais de 200 metros de distância. Diversas residências foram danificadas e pessoas que sequer estavam na manifestação sofreram as consequências dessa a ação truculenta. Além dos três feridos com bala de borracha, sendo dois no rosto e um com mais de 60 anos, a reportagem entrevistou oito moradores vítimas das bombas de gás DENTRO DE SUAS RESIDÊNCIAS, incluindo um cadeirante, uma jovem grávida e uma menina de menos de dois anos. Um dos motivos da truculência pode ser a frustração dos policiais cuja corporação pretendia desocupar a área, pertencente à Universidade Federal de Uberlândia que decidiu há uma semana doar o terreno às 2.350 famílias (18.000 pessoas) que lá vivem há cinco anos. O plano de reintegração de posse da PM de Minas Gerais exigia o pagamento de R$ 7.5 milhões pela UFU para os custos de transporte de tropas, equipamentos e munições, e previa a possibilidade de 40 mortos e centenas de feridos. Pode ser também a forma como a Polícia Militar do estado decidiu comemorar o aniversário de 53 anos do Golpe Civil Militar de 1964. Para a população, serviu como lembrete do que pode esperar com a consolidação do novo golpe em andamento. Não é à toa que os militares, incluindo as PMs, estão fora do projeto de deforma da previdência.

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