Principal praça da cidade agora se chama Ismene Mendes
Nesse dia de luta em todo o mundo, as mulheres de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, rebatizaram um dos mais importantes pontos de encontro e protestos no centro da cidade. Mais de 3 mil pessoas marcharam pelas ruas no entorno da antiga Praça Tubal Vilela para depois fazer a chamada de 30 mulheres mortas pelo machismo nos últimos anos, segurando velas em círculo, e honrar tantas outras que tombaram no município antes mesmo de ter o nome atual. Um exemplo foi Rosalina Bucirone da Silva, de 19 anos, mãe de dois filhos e grávida do terceiro. Segundo o jornal A Tribuna, da época, em 21 de maio de 1926 o empresário e depois vereador e prefeito da cidade que até ontem dava nome à praça, "levado pela exaltação e desespero devido à sua honra tão vilmente ofendida, disparou o revólver contra sua esposa". Atirou pelas costas e foi inocentado por unanimidade pelo júri popular depois de 28 dias de julgamento. Sessenta anos se passaram até que a advogada e também vereadora Ismene Mendes, de 29 anos, resolver defender as famílias de 70 boias-frias mortos em um acidente com o caminhão que os transportava sem qualquer segurança quando foi pega numa emboscada e barbaramente violentada com pedaços de pau. Onze dias depois, em 22 de outubro de 1985, foi encontrada pela irmã agonizando na cama, envenenada com pesticida ao lado de uma carta de suicídio que os pais afirmavam ser falsa. No inquérito sobre a violência sexual consta que ela se "auto-estuprou" e se "auto-espancou". Por isso, a Comissão da Verdade do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba leva seu nome, assim como, agora, também a praça.
Rosalina Bucirone da Silva, PRESENTE! Ismene Mendes, PRESENTE!